Goodgame Empire

Goodgame Empire
Browser Game of the year 2013

quarta-feira, dezembro 12

El Chupacabra

Ok... Este vídeo mete medo... Boa sorte...
"El Chupacabra caught on tape"

quinta-feira, dezembro 6

Frostbiten Trailer

Se tiverem oportunidade de ver este filme, vejam-no!!! Eu vi no Fantasporto em 2006 e adorei!! Nunca me vou esquecer deste filme!

quarta-feira, dezembro 5

CIPA

Exercício para Produção de Vídeo.
O som ficou péssimo infelizmente...
CIPA (Congenital Insensitivity to Pain with Anhidrosis)

terça-feira, dezembro 4

Motel

Quantas vezes, enquanto conduzimos por estradas e auto-estradas, não teremos visto um Motel deslocado que nos fazem colocar uma pergunta óbvia: “Quem é que frequenta estes locais?”
É certo que, o “average” português, evitará a todo custo parar e muito menos ficar uma noite num Motel de estrada, no entanto, é aqui que surge a seguinte pergunta: “Como é que um Motel sobrevive sem as receitas dos hóspedes?”
Com a crescente proliferação dos Hotéis, Residenciais, Pensões, Pousadas de Juventude, os Motéis deixam de fazer sentido e estão pouco a pouco a desaparecer e, de certo, não sobrevivem das receitas esporádicas e raras de hóspedes de uma noite. Aliás, é graças a isso que muitos Motéis vão à falência. Mas alguns sobrevivem. Como? Porquê?
A ideia de ficar num quarto de um Motel de estrada é, só por si, assustadora de facto. Um Motel à noite, ao lado de uma estrada, onde só passa por lá quem se perde no caminho numa noite de chuva torrencial mete medo quer queiram quer não. Nem mesmo um recepcionista simpático nos deixa à vontade porque não deixamos de sentir algo de sinistro no seu olhar...
E então ele leva-nos para o quarto e dá-nos a chave do quarto com a qual nos sentimos seguros porque podemos trancar a porta a “sete chaves”, no entanto esquecemo-nos que o recepcionista tem a chave de todos os quartos em duplicado... Mas nós pomos o sinal de NÃO PERTURBAR e está tudo resolvido... ou não! Olhamos agora para o quarto como se fossemos comprar uma casa nova. A cama está feita e parece bem. A casa-de-banho simples mas funcional. A alcatifa cheira um pouco mal mas parece limpa, dentro do possível. Uma janela com vista para uma mata. A Televisão liga com remoto controlo... E pronto, estamos em casa!
Mas, quantos de nós assim que nos deitamos na cama e desligamos a luz, com os olhos bem arregalados e ainda pensativos, não nos perguntamos coisas como: “Quantas pessoas não terão dormido na mesma cama em que estamos deitados? Quantas pessoas não terão tomado banho na mesma casa-de-banho? Será que alguém vai entrar pelo quarto a meio da noite? Será que o quarto tem câmaras de filmar? Quantas pessoas terão morrido no mesmo quarto onde estamos...?
A verdade é que o nosso subconsciente nos prega partidas em locais desconhecidos e lembramo-nos das coisas mais macabras por breves segundos e logo a seguir dizemos: ” Oh, que estupidez, vamos mas é dormir.” Claro que sim, dormir, porque estas coisas macabras só acontecem nos filmes de Hollywood...
Agora preste atenção no que vou dizer... As ideias dos filmes de Hollywood, como todo o tipo de ideias não surgem do nada, é sempre algo que alguém leu, viu ou ouviu em algum lado. Mitos urbanos e lendas não é o que está a pensar? Não nos iludamos, simplesmente por pensarmos que este tipo de coisas só acontece aos outros ou simplesmente são histórias para nos ensinar a ter cuidados especiais em locais como os Motéis de estrada. Então porquê ter cuidados em locais como os Motéis de estrada? Porque, de facto, existem casos verdadeiros de acontecimentos macabros no interior de alguns Motéis do mundo, mas também do nosso país...
Ultimamente tem havido um crescimento exponencial de sites de pornografia, que no seu interior têm uma secção paga chamada “SPYCAM” que, como deve imaginar, contém imagens de casais em quartos de Motéis na sua intimidade... Tudo bem pode-se pensar que aquilo é feito, mas eu tenho as minhas dúvidas... Com a facilidade de acesso à pornografia explícita para quê o spycam onde se vê tudo de um ângulo apenas e com qualidade fraca? Não faz sentido.
Mas se pensa que isto é tudo engana-se. Há algo muito mais grave a acontecer na Internet e em alguns Motéis. Já ouviu falar no termo “Snuff”, ou em “Snuff Sites”?
“Snuff film would be where an individual is videotaping/filming someone and eventually kill them. They would be torturing them, doing bizarre sexual acts, and mainly controlling this person and then when everything is finalized they actually kill the person right on film – Larry C. Brubaker, F.B.I. Special Agent Profiler”.
“A lot of people say it comes from the book "A Clockwork Orange". In the book, the main character refers to killing someone as snuffing them out. Snuff means to put out a candle… – Anónimo” A verdade é que, estes filmes “Snuff”, existem no mercado negro e na Internet se se procurar bem, normalmente não têm datas nem nomes de autores, e são geralmente filmados em caves, casas-de-banho e quartos de Motéis...
Na minha pesquisa incessante acerca deste assunto, cheguei mesmo a encontrar na Internet através do programa Limewire um pedaço do que era um “Snuff Film”... As imagens são de facto chocantes, mas o que perturba mais são os gritos abafados (tinha um guardanapo ensanguentado na boca) do homem que está amarrado à cama enquanto é torturado... até que finalmente se cala quando é executado com uma faca no pescoço.
Este tipo de filmes têm um enorme sucesso na Internet e no mercado negro e é através da pornografia e de mortes que alguns Motéis de estrada mantêm o negócio (fachada) vivo, vendendo este tipo de coisas aos distribuidores interessados. Cuidado onde for passar a noite...

domingo, dezembro 2

Torture Trailer

Um trailer da curta Tortura que fiz em Windows Movie Maker ehehe!
A curta surgiu como um exercício no âmbito da cadeira de Produção de Vídeo.
A versão final estará disponível em breve.

quinta-feira, novembro 29

Breath Busters

Exercicio para cadeira de Inglês:
Um spot publicitário sobre elixir para mau hálito.
Foi o primeiro trabalho de vídeo em que participei:)!!!

terça-feira, novembro 27

30 Days of Night (2007)

Sinopse:
Todos os Invernos, durante 30 dias, Barrow, uma vila isolada no Alaska, vê-se mergulhada na completa escuridão. Mas, num Inverno, quando os últimos raios de luz desaparecem, a vila é atacada por um sedento grupo de vampiros, que aproveitam as trevas para se deliciarem numa orgia de sangue e destruição. O xerife, a sua mulher e um pequeno grupo tentam a todo o custo sobreviver até regressar o amanhecer. "30 Dias de Escuridão" é baseado na novela gráfica de Steve Niles e Ben Templesmith.

Synopsis:
This is the story of an isolated Alaskan town that is plunged into darkness for a month each year when the sun sinks below the horizon. As the last rays of light fade, the town is attacked by a bloodthirsty gang of vampires bent on an uninterrupted orgy of destruction. Only the small town's husband-and-wife Sheriff team stand between the survivors and certain destruction.

Screenshots:


Trailer:

Detalhes:
De: David Slade
Com: Josh Hartnett, Melissa George, Danny Huston
Thriller
M/16 EUA/NZ, 2007, Cores, 113 min.
Estreou dia: 08 de Novembro
Official Website:

domingo, novembro 4

Fast Forward Film Festival Advertisement

O anúncio do Festival Fast-Forward 2007

Fast Forward Portugal Film Festival Braga 2007

Um video feito pela equipa do Fast-Forward 2007. Entrevistas, reacções e o stress..!

terça-feira, outubro 30

Escola das Artes no Fast-Forward 2007


"Esta semana o GAPSI destaca um grupo de alunos da Escola das Artes que nos dias 19 e 20 de Outubro estiveram presentes e venceram o “Fast Forward” (Braga), uma competição de curtas-metragens realizadas em menos de 24 horas.

“The Hitman” foi a curta-metragem vencedora do prémio para melhor filme, um projecto realizado pela equipa António Morais, Luciano Neves, Pedro Nascimento, Stéphane Sagaz, João Negrão e Nuno Magalhães.
“O nosso tema foi o “Horário de trabalho é o tempo todo” e foi isso que nós fizemos, usamos todo o tempo para trabalhar, sabíamos que só assim poderíamos ter resultados.” Stéphane Sagaz.

“Este fim-de-semana fizemos Cinema” António Morais


A todo o grupo ficam as nossas felicitações pelo mérito deste trabalho que sem dúvida merece um grande destaque. "

Por Nuno Silva
Fotos: António Morais
The Hitman LINKS:

sábado, outubro 27

The Hitman

O Vencedor do Festival Internacional Fast-Forward 2007! Enjoy!!

quinta-feira, outubro 11

BMW M5 Film

Um anúncio da BMW realizado por Guy Ritchie.
Com: Clive Owen e Madonna

domingo, agosto 26

Shadow Of The Colossus - Eminence Orchestra

Uma grande música do jogo Shadow of the Colossus (Playstation 2) tocada por uma orquesrta.

sábado, agosto 25

Metal Gear Solid Theme - Eminence Orchestra

Vejam esta orquestra a tocar o tema musical do jogo Metal Gear Solid!

sexta-feira, agosto 24

A Tempestade Cap. XI

Capítulo XI - Hora Zero

Em casa do Luciano.

Uma mala do carro a fechar.

“Bem está tudo finalmente. Bora lá então?”

“Vamos lá pá que tá um frio do caralho. Liga mas é essa chofagem.”

“Que menina do caraças, já tás com frio? Espera até chegares à cabaninha que tu vais ver, ehehe!”

“Eu tenho a vocês para me aquecerem!”

“Eiii..! Vamos mas é embora que isto ta ficar muito gay.”

O carro arranca a plissar na estrada escorregadia devido à geada.

Já dentro do carro:

“Foda-se oh Titus que raio de estrada pra chegar à cabana que tu nos meteste...”

“Pá as auto-estradas tão fechadas, é só bofia e bombeiros e trânsito a tentar limpar aquela neve toda das estradas. Ao menos aqui não temos que aturar isso.”

“O Titus tem a mania dos quelhos é o que é...”

“Iiiiih!”

“Pá por mim podes dar meia-volta e ir pelas auto-estradas mas chegamos lá antes por aqui.”

“Calma Tiaguinho, ninguém ta a bater no ceguinho...!”

“Vocês andam muito bichas pró meu gosto pá.”

O carro derrapa ligeiramente na curva.

“Olhem eu detesto quebrar o vosso momento mas eu acho que tá na altura de metermos as correntes, senão inda caímos pelo penhasco abaixo. O carro tá a deslizar pa caralho.”

O carro enconsta na berma. Está a anoitecer. A neve começa a cair.

“Eu espero que estas correntes ajudem porque agora começou a nevar a sério. Daqui a nada fica escuro se não nos pusermos a andar depressa .” – diz Luciano

“Uhhhh tens medo do escuro é?” –diz Pedro

“Vocês vão ver logo à noite, quem é que tem medo do escuro.” – diz o Tiago

“Foda-se Titus tu tás-nos a levar pa um sítio mesmo fodido tá-se mesmo a ver. Ninguém vai dormir esta noite eheh!”

“Bem bora lá tá feito!”

O carro arranca novamente com as correntes colocadas. A noite começa a vencer o dia. A neve cai incessante agora.

quinta-feira, agosto 2

segunda-feira, julho 30

A Tempestade Cap. X

Capítulo X - Escuridão

O homem encapuçado, liga as luzes do interior do carro de modo a iluminar melhor o local. Dirige-se agora à mala do carro em busca de algo. Encontra-o. Pega no macaco e coloca no suporte do carro para o efeito. Levanta o carro. Vai buscar o pneu sobressalente, escorregando num líquido pelo caminho, e retira o antigo com dificuldade (devido à ferrugem dos parafusos). Põe o pneu novo. Pega no pneu furado e dirige-se à mala outra vez para o colocar lá. Ouve um estalido. Vira-se ao contrário sobressaltado, deixando cair o pneu, que rola pela estrada até cair no breu. Ele agarra a chave-de-fendas com mais força. Fecha a mala do carro à pressa sem tirar os olhos da estrada obscura que engoliu o pneu. Recupera o folêgo durante uns segundos, sem tirar os olhos da escuridão. O jipe começa a gaguejar. O jipe desliga-se. O homem repara num cheiro estranho proveniente do local onde escorregou. Era gasóleo. O carro ficou sem gasóleo. No entanto, a bateria continua operacional. Mas é uma questão de tempo...

sábado, julho 28

A Tempestade Cap. IX

Capítulo IX - A Visita

(Poucos dias antes da viagem.)


Um dia cinzento, ao fim da tarde, sob uma chuva torrencial vê-se um carro a aproximar-se do Hospital (Psiquiátrico) de Magalhães Lemos. As paredes pálidas exteriores do edifício denunciam o seu conteúdo macabro... O carro encosta numa rua onde não há um único carro estacionado, se não o que acabou de chegar.


Vê-se agora os sapatos negros de alguém a subir uma escadaria. Reconhece-se agora quem está a subir as escadas que vão dar à porta principal do manicómio. Pedro Nascimento, com as suas vestes negras e o sobretudo que tão bem o caracterizam. Ele pára mesmo à frente da porta. Ele parece preocupado... está parado em frente à porta. Ele olha para um anjo de mármore que está por cima da porta. O anjo olha para o céu com as palmas das mãos viradas para cima, como se pedissem misericórdia. Pedro solta um suspiro resoluto e entra pela porta principal.
O segurança detém-no antes de entrar definitivamente no manicómio. Apenas umas grades e o segurança o separam da loucura total.

“Dr. Nascimento...” – diz o segurança

“Então Sr. Jorge, tudo preparado pra hoje?”

“Claro Sr.Dr., eu vou chamar o meu colega para o acompanhar...”

“Eu sei, eu sei Sr.Jorge, excusa de me explicar o regulamento de segurança, já o conheço de cor...”

“Eu sei, mas tenho que lho ler mesmo assim...regras são regras.”

“Vamos lá a isso então...”

“O meu colega vai acompanhá-lo todo o caminho até a cela onde o seu pai está. Pelo caminho irá passar por alguns dos pacientes do hospital, o senhor não pode e passo a citar:
1º Interagir com os pacientes
2º Falar com os pacientes
3º Olhar nos olhos dos pacientes
4º Provocar ou causar qualquer situação que possa causar nervosismo nos pacientes.

Andando pelos corredores. Nascimento e o Enfermeiro.

“Já não é a primeira vez que vem aqui pois não? Eu já o vi por aqui...” pergunta o Enfermeiro

“Não... eu venho aqui todos os meses.”

“Então você é o famoso filho do paciente Nascimento...”

“Famoso?”

“Sim...err... a verdade é que o seu pai é algo problemático por vezes.”

“Pois... eu sei.”

“Ele a mim pessoalmente nunca me fez nada, mas muitos dos outros enfermeiros que aqui andavam antes despediram-se graças ao seu pai sabe? Agora só eu é que trato do seu pai...”

“Ele deve simpatizar consigo...”

“...É deve ser isso. Não se preocupe que eu trato bem dele. Bem... aqui estamos.”
Ele abre a porta da cela.

“Não se preocupe que assim que o Sr. Dr. sair daqui eu retiro o colete de forças ao Sr. Henrique. É que o seu pai estava muito agitado e “insistiu” em falar com você, por isso é que lhe ligámos...”

“Ok tudo bem...”

“Eu vou ficar atrás da porta, qualquer coisa bata na porta ou chame por mim, o Luís ok?”
Pedro acena com a cabeça.

Uma cela almofadada. Algumas das almofadas têm um tom mais amarelado ou alaranjado, vestígios de sangue que foram mal limpos. Sr. Henrique encontra-se algo drogado, talvez sobre o efeito de calmantes leves administrados intra-venosamente... O braço do Sr. Henrique denuncia esse facto, multiplos pontos vermelhos e castanhos situados perto das veias do paciente indiciam a regularidade com que isto acontece. O paciente está vestido com um uniforme azul e uns “slippers” negros, diferente dos outros pacientes que são vestidos de branco. Isto evidencia que o Sr.Henrique é um paciente “especial”. Ele encontra-se num canto e limita-se a fitar (dentro do possível...) o seu filho.

“Ouvi dizer que causaste uma situação embaraçosa aqui... outra vez não é pai? Os enfermeiros disseram-me que provocaste muitos distúrbios e que chamaste por mim... O que é que queres de mim?!”

“Tira-me daqui Pedro...”

“Outra vez?! Não comeces com essa conversa!!”

“Eu..”

“Foi pra isso que me chamaste aqui?! Todos os meses eu venho aqui pra te ver, por pena... Pena mais nada...e eu nem sei porque sinto pena de um desgraçado como tu!”

“Porque sabes a verdade..”

“Que verdade?! Tu não sabes o que dizes, tu estás louco tás a perceber?! É por isso que estás enfiado aqui no manicómio. E sabes que mais?! Tens é sorte por estar aqui, quando a verdade é que tu devias estar é enfiado numa cela juntamente com todos os outros assassinos filhos da puta tás a perceber...tás?!”

“Não fui eu... eu não sei...”

“Não foste tu o quê?! Nem te atrevas a falar na mãe seu desgraçado... O Sérgio sempre teve razão, tu não vales nada e és um louco... Eu arrependo-me de alguma vez ter acreditado em ti e ter-te tirado do hospital psiquiátrico da outra vez, se eu pudesse.... se eu pudesse tinha-te morto naquela noite!”

“Pedro... eu não me lembro do que aconteceu... nós estávamos lá e depois não sei o que aconteceu...e havia sangue por todo lado em cima de mim, tinha sangue nas..mãos e...não sei como fui parar a casa... eu juro que não fui eu...eu não sou assassino, eu não sou louco, por favor tens de me tirar daqui.”

“Vai-te foder... Como é que tu foste capaz, de levar a mãe para acampar contigo...e tinhas tudo planeado, foste lá e...torturaste-a e mataste-a e depois voltas e dizes que não te lembras de nada?! Com o sangue da mãe nas tuas mãos na tua cara e na roupa...seu maníaco assassino filho da puta!”

“NÃO FUI EUUUUU” Sr. Henrique começa a gritar.

O enfermeiro começa a destrancar a porta.

“FOSTE!!! Foste tu que a mataste, Foste tu sim!! Seu louco! Eu só rezo pelo dia em que arranjes maneira de sair daqui, eu que te apanhe lá fora,(o enfermeiro agarra no Pedro e tenta arrasta-lo com dificuldade para fora da cela) eu mato-te cabrão...eu MATO-TE!”

“Aaaarghhh” o Sr. Henrique fica transtornado e começa a bater com a cabeça nas paredes almofadadas.

“Enfermeiras!!!” grita o enfermeiro Luís depois de tirar o Pedro da cela.
Ele volta a entrar dentro da sala para agarrar o paciente e com a ajuda das enfermeiras administrar mais uma dose de calmantes no Sr.Henrique que está completamente tresloucado agora. Pedro assiste a cena do lado de fora da cela através da abertura por onde dão comida aos pacientes, enquanto se ouve os gritos arrepiantes do Sr.Henrique que acabam por esmorecer...

quinta-feira, julho 26

A Tempestade Cap. VIII

Capítulo VIII - Pesadelo

Vemos um homem encapuçado dentro do carro com as mãos no volante, ainda ofegante do susto. O rádio transmite estática, e os pára-brisas continuam a limpar a neve que cai constantemente no vidro. Ouve-se o vento gélido lá fora enquanto o carro permanece ligado para manter o aquecimento ligado. O homem passado uns segundos a recompor-se do despiste retira o cinto de segurança e abre a porta do carro. Ouve-se o som de segurança quando uma porta é aberta, quando o carro ainda está ligado. Ele fecha a porta do condutor e abre a porta do passageiro para retirar uma lanterna potente debaixo de um dos assentos. Liga a lanterna. Ilumina o local à sua volta lentamente, como se estivesse receoso... A estrada não tem qualquer iluminação e está cercada por bosques profundos dos dois lados. Avança agora lentamente em direcção à frente do carro e com a ajuda da lanterna procura o furo no pneu do Jipe. É o pneu do lado do condutor... parece ter algum objecto preso no pneu perfurado... O homem tenta tirar o objecto... começa a fazer muita força e escorrega para trás quando finalmente consegue tirar o objecto. Recompõe-se e pega na lanterna que deixou cair. Volta a ligá-la e depois lentamente começa a iluminar o objecto, vislumbrando o que é... um osso de uma tíbia partida com algum sangue congelado, nesse momento em que se vê apenas por segundos o que é o objecto a lâmpada da lanterna explode, emitindo um barulho agudo que assusta o homem. Ele fica praticamente às escuras, com apenas as luzes dos faróis do Jipe a iluminar o local.

quarta-feira, julho 25

A Tempestade Cap. VII

Capítulo VII - Noite de Poker

Em casa do Tiago. Só os três à volta da mesa de jogos a jogar às cartas. Cervejas e whiskys na mesa, amendoins, tremoços e uns troquinhos para apostar no jogo. Ambiente escuro à volta, concentração da luz na mesa. Musiquinha de fundo muito leve, não alegre. Fumo dos charutos no cinzeiro.

A rir-nos.

“Pah tou a ser arrumado hoje...” - diz o Luciano

“Ehehe” - O Tiago ri-se da desgraça do Luciano enquanto baralha as cartas.

“Fogo... Esta não é a minha noite mesmo...!”

“Eheh é verdade tu não tinhas planos pa hoje à noite e tal..?” - pergunta o Pedro.

“Ya... era pa ficar em casa com a João mas ela passou-se quando lhe falei da cena d irmos pra Serra...” - responde o Luciano

“Txiii... as gajas são tolinhas as vezes” - diz o Titus

“Ya... ela tá «gaja» agora, então pronto mais vale tar aqui enquanto ela volta ao normal...” diz o Luciano

“Ta-se bem, caga nisso, as gajas têm aqueles momentos volta e meia... já deves saber «cumé» que é...” diz o Pedro

“Ya eu sei...mas irrita-me à brava”

“Olha lá já ligaste pra cabana na Serra Titus?” pergunta o Pedro

“Yep. Já ta reservado, daqui a 2 semanas, Sábado. Quantas keres?” O Tiago recomeça a distribuir as cartas.

“Manda duas. Quanto é que se paga aquela merda?” Pergunta o Pedro enquanto olha de esguelha para as cartas que recebeu.

“Pah fica 40 euros mais ou menos a cada um, por noite. Luci quantas?” diz o Tiago com as restantes cartas na mão.

“Três cartas. 40 euros inda é carote... mas tem que ser.” diz o Luciano com cara de quem tem um jogo desastroso.

“Eu já paguei tudo, vocês depois pagam-me quando puderem.” diz o Titus com calma, uma vez que o dinheiro não lhe falta como professor catedrático.

“Ei brigadão Titus... Olha eu acho é que te vou pagar agora mesmo... Aposto tudo e pago pa ver...” diz o Pedro com cara de «Royal Flush».

“Foda-se tou fora...” Luciano deita as cartas desistindo da jogada.

“Eiii que boi... tou fora também que se lixe...” Titus acompanha o Luciano.

“HAHA! Que meninas pega lá um par de oitos... eheh”- O Pedro recolhe o dinheiro a chorar a rir.


“Txiii fez bluff o cabrão hahaha!” - diz o Tiago a rir-se.

“Vocês devem pensar que eu não jogo isto ou o caralho... eu passo a vida nisto «cos» juízes, a «extorcionar-lhes» o dinheiro todo.” - diz o Pedro já meio embriagado pelo sabor da vitória... e do whisky.

“Extorquir-lhes” Tiago e Luciano corrigem-no ao mesmo tempo bem alto e a rirem-se.

“Shhhh... ehehe eu não disse isto.” O Pedro mete o dedo indicador nos lábios.

“Ei, é verdade, lembram-se do Fossa?! Ehehe!”

Em coro e a sorrir: “Uma vez um sábio disse-me: E com a ponta da natureza rasgou-se o véu da porta aberta. E eu ri-me” Os três riem-se as gargalhadas.


“O Fossa era uma lenda, lembras-te que o gajo não sabia onde é que vivia quando nós o queríamos levar casa" diz o Luciano a tirar uma lágrima de riso dos olhos.

“Ei oh Luci eu axo que é pra aki!” diz o Pedro a imitar o Fossa.

“Hahaha.. e o Bagulho ãh?!” pergunta o Luciano com um sorriso.

“Foda-se quem era o Bagulho?” diz o Titus

“Não te lembras do Bagulho?” diz o Luciano

“Aquele gajo que era da faculdade do Luci... «Eiii oh Luci eu vou trabalhar tótil oh Luci, vou trabalhar à brava...»”

“Hahahah” - Luciano ri-se da impressão exacta da voz do Bagulho que o Pedro faz.

“Ah eheh já me lembro!” diz o Tiago

“Depois o gajo não fazia chico mesmo... e não aparecia nas apresentações dos trabalhos” diz o Pedro

“ya ya já me lembro ehehe que artista”

“Fogo... bons tempos esses, andava eu sempre a queixar-me, agora é que é fodido.” diz o Pedro nostálgico.

“Podes crer, um gajo só da valor as coisas quando as perde...” concorda Luciano.

“Mesmo...” diz o Tiago.

“É verdade... não convinha fazer uma lista de cenas pra levar prá Serra, já que tamos aqui todos..?” pergunta o Luciano.

“Bem visto, Titus arranja aí uma caneta e um papel”

“Pega... pega caralho.” Dá um pedaço de papel ao Pedro.

“Calma bicha... não vês «keu» já tou meio cego?!" diz o Pedro

“Quero lá saber” Titus atira a caneta que o Luciano apanha no ar à segunda.

“Ora vamo lá ver: 1 - Tenda d’acampar?” pergunta o Pedro enquanto escreve.

“Temos a do Titus.”

“Check.”

“2 - Colchões e almofadas?” pergunta novamente.

“Almofadas cada um leva a sua, colchões é que é preciso comprar.” diz o Tiago.

“Ok c-o-m-p-r-a-r colchões-... que mais... cobertores não é preciso... ah sacos-cama...” diz o Pedro.

“Exacto, temos que comprar os três.” confirma o Tiago.

“Ok e mochilas de montanhismo e camping?” pergunta o Luciano.

“Eu tenho uma...” diz o Titus.

“Pois nós não temos... vamos ter de comprar também.” diz o Luciano.

“Luvas e botas, ah e casacos de neve, senão morremos do «grizo».” diz o Pedro.

“Graaaaaize?” diz o Tiago referindo-se à palavra «grizo» dizendo-a como um inglês diria se a lê-se.

“Eheh ya.”

“Pronto... comida... leva-se rações pra um dia porque vamos ter de caminhar pra chegar lá. E depois prós outros dias, arranja-se por lá. LANTERNAS!?” pergunta o Pedro.

“Exacto!”

“Pronto acho que tá tudo...” diz o Pedro.

“Ta tuuuudo...?” diz o Luciano imitando o Fossa.

“Hahah, olha o Fossa a tomar conta do espírito do Luci...” diz o Pedro

Os três riem-se.

“Bem vamos fazer um brindezinho à nossa ida pra Serra?!” diz o Luciano sentimental.

“Mete aí um Grant’s Deluxe Titus...” diz o Pedro cheio de sede.

Titus serve os três copos como melhor whisky da casa: Grant’s Deluxe.

Os três brindam e bebem.


(fade-out)

terça-feira, julho 24

A Tempestade Cap. VI

Capítulo VI - Problemas em Casa

Luciano desliga o telefone à porta de casa, tira as chaves de casa e coloca na fechadura. Pára uns segundos e respira fundo. Vira a chave e entra em casa. Começa a tirar o casaco e o cachecol.

“Amoooor?” grita Maria João

“Sim sou eu, cheguei...!” grita de volta

“Tavas a falar com quem? Ouvi-te a falar lá fora...” a gritar

“Tava ao telefoooone...” Luciano dirige-se para a cozinha.

Ouve-se em ruído de fundo, a televisão está ligada:

“...as imagens que vão ver podem ser susceptíveis de ferir a sensibilidade do espectador ...um brutal assassinato na Serra da Estrela... o corpo encontra-se completamente desmembrado, ou seja o torso separado do resto dos membros... a vítima já foi identificada como um turista alemão de férias aqui mesmo na Serra da Estrela. A família já foi contactada e procederá a identificação da vítima...O corpo foi encontrado perto do lago congelado...”

Luciano vai para a sala de estar:

“Com quem estavas a falar?!” diz Maria João da cozinha enquanto o Luciano muda de canal.

“...a polícia continua a investigar este assa...”

“Com o Pedro, tava a combinar uma coisa..!” diz Luciano

“...já é a terceira vítima...”

“...A P.J. teme que se possa tratar de um serial killer, ou seja um...”.

Muda de canal uma última vez, vê algo interessante, aumenta o volume e vai à casa de banho, lavar as mãos e passar água no rosto, tirando a gravata posteriormente. De seguida vai para o quarto trocar de roupa e em simultâneo ouve-se o Telejornal:

O Presidente da República fala:

“...Eu mantenho a minha plena confiança nos serviços da Policia Judiciaria e da PSP que com certeza irão investigar estas violentas mortes verificadas na Serra da Estrela. Assim como mantenho a minha promessa de que este ou estes assassinos serão capturados e levados à justiça, pois como todos sabemos a PJ é a força policial que estatisticamente tem mais sucesso nas detenções de criminosos em toda a Europa. Obrigado...”
“...Aí têm, as declarações do Presidente que dá o voto de confiança aos serviços da PJ e da PSP para resolverem estes crimes, assim como faz a promessa de que os criminosos serão capturados e levados à justiça. Ora...” Repórter no local
“José eu ia pedir que esperasses um pouco pois temos o chefe coordenador da PJ a prestar declarações neste momento. Em directo com ele o repórter João Sancho. João...?”
“Segundo estudos realizados pela nossa equipa forense e após análise dos dados, a priori pensamos que se trata apenas de um assassino e não um grupo como tínhamos pensado anteriormente. As provas que encontrámos no local confirmam praticamente na totalidade o facto de que se trata apenas de um assassino em série.”
“Isso quer dizer que ele poderá dizer que o assassino poderá matar de novo?”
“Com a quantidade de efectivos que temos nomeadamente nesta zona circunscrita será dificil que o perpretador actue de novo sem ser apanhado, portanto duvido muito que ele se atreva. Vamos continuar a patrulhar esta zona até ele ser apanhado.”

“Já têm uma descrição possível do assassino?”

“Neste momento não podemos adiantar...”

“Oh... não sabem nada ainda... vão apanhá-lo vão... naqueles montes sabe-se lá quantos o gajo enterrou já...” diz o Luciano no quarto enquanto veste algo mais confortável.

Vou ter com a Maria João na cozinha e dou um beijo no bébé que está no berço a dormir. E a seguir um beijo rápido na minha mulher que está a terminar de fazer o jantar. Eu ajudo no que posso e começo a levar as coisas para mesa. Ela leva o berço e coloca-o do seu lado. E começamos a jantar.

“Este Spaghetti tá óptimo amor...”

Ela sorri brevemente enquanto mastiga a comida e depois diz:

“Então falaste com o Pedro? Alguma novidade?”

“Sim falei com ele, tava a ver se conseguia juntá-los e ir para a Serra da Estrela tratar do meu livro durante uma semana.”

Ela deixa cair os talheres no prato emitindo um barulho estridente e olha-me seriamente com olhos fulminantes.

Luciano acaba de meter Spaghetti à boca, quando nota o silêncio abrupto e diz com ainda alguma comida na boca e segurando o guardanapo que tem ao pescoço:

“Que foi...?”

“Que foi?! Quando é que tavas a pensar em dizer-me que ias passar uma semana fora com os teus amigos?!”

“Amor é só daqui a duas semanas, eu tou-te a dizer agora.”

“Porque eu te perguntei!! Se não até nem tinhas dito nada até ao último dia!”

“Oh mor então, tem calma...”

“Tem calma?!”

“Qual é o stress?”

“O stress?! O stress é que eu preciso que me ajudes a cuidar do nosso filho e que me ajudes aqui em casa, não que vas tirar umas férias de mim e do teu filho com os teus amigos pra Serra da Estrela?!”

“O quê?! Eu não vou pra lá passar férias!”

“Ai não?!” diz ironicamente “Então vais lá fazer o quê com os teus amiguinhos ãh?!”

“Vou trabalhar no meu livro, tenho que tê-lo pronto para publicar em Fevereiro!”

“Pois, pois...e porque é q não podes escrever aqui ou no escritório?!”

“Amor, ouve... aqui em casa é impossível”

O bebé começa a chorar com a escalada do volume das vozes.

“Vês? O barulho da criança a choramingar a toda a hora não me deixa concentrar e o ambiente aqui em casa não tá ser o melhor!”

“Que queres dizer com isso?!”

“Tou a dizer que neste momento não nos estamos a entender bem... passamos a vida discutir... ou melhor tu a discutir comigo por tudo e por nada!”

“É normal os casais discutirem sabes?! É assim que resolvem os problemas...”

“Ai é? Pois olha eu acho que é a conversar que se resolvem as coisas e tu ultimamente só sabes gritar e discutir comigo por qualquer merdinha pah!!” Levanto-me da mesa.

O bébé chora ainda mais

“Vês? Agora o teu filho tá a chorar!! E quem é que o vai ter de calar, SOU EU, sou sempre EU, não tu! Tu tás sempre a fazer outra coisa qualquer!”

“Cala-te! Não percebes que seu não conseguir acabar este livro não podemos pagar as prestações do carro e da casa?! Só eu tou a trabalhar nesta casa! Só eu tou a dar dinheiro para mantermos as coisas que temos! Que queres que eu faça?! Queres que eu abdique disso?! Eu faço o meu trabalho e o mínimo qoe tu podes fazer é ajudar, mas tu só te queixas!”

“Vai à merda! És um insensível” Sai da sala de jantar a chorar e com o bébé. Tranca-se no quarto!

“Vou à merda...vou à merda? Vai tu à MERDA!!! Dasss pa gaja...” Luciano pega num copo e atira-o contra a parede.

Pequena pausa.

Luciano pega no telefone de casa. Ouve-se discretamente o que se fala ao telefone.

“Pedro?...Afinal dá pra bebermos uns copos...” diz o Luciano

“...” nao se ouve a resposta.

“Em casa do Tiago daqui a 20 mins? Ok até já então...”

segunda-feira, julho 23

A Tempestade Cap. V

Capítulo V - “O Professor”

Vemos um cartaz de relance: «Cartaz: DIA DE PRAXE – Dura Praxis Sed Praxis»
Tiago Silva chega à sala. Espreita para dentro da sala e abana a cabeça. Festa total dentro da sala. Elementos da praxe a martirizar e ridicularizar os alunos da Faculdade de Letras do Porto. Aula de História Geral I. Tiago entra na sala em anfiteatro, com um olhar de quem não aprova a situação.

“Aiiii...” suspira Tiago

Caminha lentamente para o centro da sala, subindo o palco do professor e pousa em cima da mesa a sua pasta, de onde retira um maço de folhas que ele folheia como se tivesse a dar uma vista de olhos a um livro completamente desinteressante. Franze os olhos e acena afirmativamente ao folhear os testes com desprezo.

“Meus senhores...!” Tiago diz num tom alto e ameaçador. “Acabou a palhaçada... aos vossos lugares”

“Oh stor mas hoje é dia de praxe!” diz um aluno.

“SENHOR doutor, respeito é bom e eu gosto.”

“Senhor doutor hoje temos autorização da associação dos estudantes para praxar os caloiros em tempo de aulas!”

Tiago olha com cara de desprezo e, como se estivesse ironicamente muito atento ao que ele diz, acena afirmativamente.

“Ah hã... sim e? Que eu saiba isto é uma sala de aulas e eu sou o professor durante estas duas horas... aliás uma hora e cinquenta seis minutos graças ao seu discurso... mas isso... isso pode ser compensado ainda hoje não se preocupe... É tudo?”

momento de silêncio.

“Óptimo!”- diz em tom alto e firme. Dirige-se ao quadro e pega no giz. Começa a escrever: P – A – L – H – A.

Os alunos riem-se controladamente. Tiago olha para um artista que se tá a rir.

“Você aí... oh Miguel!”

“Sim professor?”

“Ta-se a rir de quê?”

“Nada nada... apeteceu-me rir só isso.”

“Ahh inda bem... e apetece-lhe ler?”

“Pode ser...”

“Então leia...aliás soletre as letras aqui do quadro se faz favor.”

“Err... P A L H A”

“Boa... agora leia tudo junto”

“Palha.”
“Muito bem... afinal sabe juntar letras pra formar palavras... ao contrário do que vi no seu exame, como explica isso?”

Miguel fica sem palavras.

Tiago dirige-se para o resto dos alunos.

“Meus amigos PALHA não é história! Tão a ver aquele maço de folhas pousado na minha mesa? São os vossos exames, que tão bem podiam ser um bom bocado de palha para os cavalos comerem, porque de certeza que não servem para mais nada. Portanto... “ Vira-se para o quadro e começa a escrever enquanto fala o que escreve: “H – I – S – T – Ó – R – I – A (não é igual) a PALHA. Entendido?”

“Ok. Posto isto, aqui estão os vossos testes que irei distribuir por ordem de melhor nota até à pior.”

“João... aceitável. 12”

“Joana 11.5... não invente mantenha-se nos factos”

“Susana 11.4 bem arquitectado, poucos factos...”

“Inês...9”

“9 professor?! Não pode ser... Eu fiz tudo, tá tudo aí”

Tiago olha para o teste atrás e à frente a fingir-se de surpreendido:”Tá?! Desculpe menina mas o que realmente TÁ aqui é palha pura... e eu não gosto de palha... Ora leia a primeira questão do teste se faz favor.”

“Diga objectivamente por suas palavras o que entende por absolutismo, baseando-se em factos históricos estudados nas aulas para exemplificar.” Lê a Inês

“Não percebeu?”Olha para a turma e diz: “Quando eu digo para dizerem o que é o absolutismo objectivamente por vossas palavras, é mesmo isso que quero, não que me despejem o que tá na página 62 do livro...” Olha para a Inês “Percebeu agora?”

“Roberto... 5... é preciso mesmo ler os livros de história para se saber do que devemos falar...”

“Manel meu amigo da comissão de praxe! O senhor que é tão articulado a defender os direitos da praxe mais parece disléxico a explicar algo tão simples como o absolutismo. É o seu segundo ano na minha cadeira não é?”

“É sim sr dr...”

“Então é só mais um, à terceira é de vez n é? 3 valores...”

“Miguel... Miguel... meu amigo jocoso... história não se escreve com “e” e não é “absulutismo”, pois é com “o” que se escreve... além disso copiar não o ajuda, pois você nem isso sabe fazer pelo que vejo... 0 valores, apareça nas minhas aulas para o ano que vem, porque este ano já era...”

Tiago volta para o palco central da sala.

“Muito bem... para quem tirou negativa, já sabem, vão fazer um trabalho. É muito simples, vão ter de me explicar por vossas palavras o que é o absolutismo baseando-se em factos históricos estudados nas aulas. Se plagiarem, escreverem palha ou não entregarem é problema vosso mas a reprovação é garantida. Façam se kiserem, estudem se kiserem, isto aqui é uma universidade e não há faltas de trabalhos de casa nem faltas de presença. Mas se não apresentarem trabalho e resultados não vai haver surpresas porque chumbam mesmo, é certinho. Qualquer dúvida pertinente podem tirá-la comigo, pessoalmente no meu gabinete ou pelo mail da faculdade que eu vejo todos os dias. Se quiserem enviem os vossos trabalhos por carta, por mail, por fax, em guardanapos de papel tanto me faz, desde que o conteúdo seja decente.”

Pausa.

“Pronto! Agora vamos abrir os nossos livros na página 250 e vamos ler o que ali diz sobre a famosa revolução francesa...”

Corte.

Tiago a sair da sala e a trancá-la. Com o seu sobretudo e cachecol por causa do frio.
Pega no telemóvel que toca com o hino de Portugal. Olha para o telemovel que diz: “Luci Sapo”.

“Tou Luci!”

“Ta tuuudo?!”

“Fossa?!”

“Lolol” – riem-se os dois

“ Então meu tavas nas aulas? Já te ando a tentar ligar pra ai há uma hora...”

“Pah ya tava nas aulas... estes artistas fodem-me a paciência...”

“Caga nisso! Olha...”

“Sim.”

“Tive a pensar aqui e tive uma ideia à antiga. E se fossemos passar uma semana lá pra Serra da Estrela num sítio qualquer... Tava a pensar pra daqui a duas semanitas”

“Eheh... Sapo...sapo... tu sabes que eu alinho sempre nessas cenas... Quem é que vai?”

“Pah tava a pensar só eu tu e o peter, mas inda tenho de falar com ele, vou-lhe ligar a seguir!”

“Hahah “old school” certo?!”

“Claro. É sempre melhor à antiga!”

“Ta-se bem, eu vou. Eu arranjo uma baixa médica pra uma semanita keu tb tou a precisar de descanso desta merda. É verdade eu conheço lá uma cabana na serra, quando fui lá em trabalho de campo, fiquei nessas cabanas que se podem alugar por lá. É remoto à brava e agora com a neve deve ter ficado quase inacessível, só indo a pé a partir dos 15-20km de distância. Que tal?”

“Espectáculo, é mm isso que eu queria, pra descansar e organizar ideias para o livro! Assim até vcs podem-me ajudar a arrancar com aquilo.”

“Ta-se bem, eu ligo pra marcar ainda hoje, eles devem ter lugar de certeza porque ninguém quer ficar lá com este tempo, só nós eheh!”

“Perfeito. Faz isso que eu vou ligar para o escritório do Pedro quando chegar a casa para convencê-lo a ir tb. Eu dps mando-te uma msg a confirmar. Vá tenho que desligar, tchauzão Titus.”

“Pufff... boa sorte a convencer o Pedro. Ta-se bem mané, com licença!”

“Tá tchau, tchau!”

domingo, julho 22

A Tempestade Cap. IV

Capítulo IV - Mau dia no Escritório

Dentro do escritório de Pedro Nascimento na baixa do Porto. Ambiente escuro.
“Ora bem, vamos recapitular Sr. Teixieira… O senhor pretende… Acha que se encontra no direito moral de exigir isso da sua mulher? Sabe que, isto pode prolongar-se durante anos e anos… Porque veja bem, você mete uma acção em tribunal contra a sua mulher. Muito bem. Ela vai tentar negociar. Você não vai querer. Vamos para Tribunal e você pode ganhar ou perder e... SE ganhar, a sua mulher recorre, aliás ela ja deixou isso bem claro, pelo que me consta. Mas se ELA ganhar, você recorre e isto prolonga-se durante 4-5anos, pelo menos…”

“5 anos?!”

“Pois é Sr. Teixeira, pelo menos! Até parece que não sabe «comé» que a Justiça funciona aqui em Portugal?!”

Teixeira mete a mão à cabeça, nervoso.

“Portanto das duas uma, eu só vejo mesmo duas hipóteses aqui, ou você desiste desta acção por completo e engole este sapo… Ou entao você mete a acção e faz um acordo com a sua mulher.”

“Um acordo?! Eu nem quero falar com a minha mulher quanto mais negociar! Negociar o quê afinal? Ela não vai ficar com nada meu!”

“Pronto… Agora espere… então está-me dizer que vamos com a acção pra frente não é? Agora prepare-se porque a sua consciência e o seu orgulho vão-lhe sair caro… Ora veja, a acção vai-lhe custar pelo menos 1000 euros, mais os meus honorários, mais mil euros e isto só a primeira acção, depois no recurso mais 2000 euros para o tribunal, no mínimo, no mínimo! Mais 3000 euros de honorários..portanto..!”

“3000 euros de honorários? Eu não tenho dinheiro pra isso tudo Dr. Não me pode cobrar isso, nem o seu pai me cobrou assim tanto”

“O meu pai não é pra aqui chamado, pra além dele já não trabalhar aqui. Eu disse-lhe as coisas como elas são, portanto esta acção e o recurso, que eu garanto que vai surgir, garanto Sr. Teixeira! Vai-lhe custar 7000 a 7500 euros Sr. Teixeira portanto...”

“7000?! Isso é um ROUBO!” Levanta-se a aponta o dedo “O seu pai era um homem sério, agorA VOCÊ..:Você..:!”

“Sr. Teixeira...”

“Você dirige isto como um banquinho pessoal a roubar todos os clientes!!”

O homem sai disparado pela porta.

Pedro serve-se de Jack Daniel's e alarga a gravata...

“D. Irene ligue aos restantes clientes de hj e marke para amanha...” diz o Pedro ao interfone.

“Mas Sr. Dr. Eu tenho um cliente aqui...”

“Faça o que eu lhe disse se faz favor D. Irene!!”

“Mas o que é que eu digo...”

“Invente Irene, invente!! É pra isso que lhe pago!” desliga o interfone na cara de D. Irene.

Dá um grande gole no whisky.

Olha para o telefone e começa a marcar o número (Luciano) – mete em alta-voz

Tou...?

“Luci..?”

(fade-out)

sábado, julho 21

A Tempestade Cap. III

Capítulo III - A Ideia

Luciano a chegar a casa, de carro, depois de um gajo se por à frente de repente. “Ah filho da...” piiiiii (buzina do carro). O telemóvel toca.

- "Foda-se vêm pra aqui estes franciscos conduzir....”

Os franceses no carro começam a praguejar na direcção de Luciano.

- “É, é «putain de merde» pra vocês também!”

Só percebo que o telemóvel está a tocar passado uns segundos. Exaltado, pego no telefone sem ver de quem é a chamada...

- "Tou?” diz Luciano.

- “Luci?” diz o pedro.

Olho para o telefone e vejo... Pedro Nascimento Office... volto a pôr o telefone ao ouvido com um breve sorriso “Então Peter, tudo bem por aí?”


- “Pah nem por isso...”

Interrompo-o.

- “Pera aí, pera aí...” estaciono o carro.

- “Tou? Diz meu...”,

- “Onde tás?!”-diz o pedro.

- “Tava a estacionar o carro desculpa lá. Cheguei agora mesmo a casa! Não tás bem a ver, quase que me batiam, aqui um «artiste» de carro, quase a chegar a casa...” diz o Luciano.

- “É o costume... metem velhos a conduzir e gajos como tu na rua...”-diz o pedro.

- “Exacto, ehehe, mas este era um velho «Pierre» que ainda é pior, mas sim diz!”

- “Olha tou fodido meu... hoje chatearam-me a tola o dia todo aqui no escritório... e se fôssemos beber uns copos logo à noite? Fala co Titus também!”- diz o pedro

- “Epah hoje não dá mesmo, mas olha, outro dia tava aqui a pensar e tive uma ideia, inda bem que ligaste, eu era pa te ligar assim que chegasse a casa...”

- “ihhhh....... vem merda aí”

- “Que achas de irmos aí passar uma semanita à Serra da Estrela, ãh? Numa cabaninha que o Titus lá conhece.”

- “Txiiii.... Eu tou cheio de trabalho...!! Eu não posso largar assim de repente..”

- “Pera aí, pera aí, mas podes levar contigo algumas coisas do trabalho, não venhas com merdas, porque eu também vou lá pa começar a escrever um livro, ou seja, trabalhar ehehe, supostamente”

- “Pois... trabalho... ya ya”

- “Então, claro! Paga mal, mas ao menos inda me divirto, só não consigo é ter ideias decentes pró livro. Por isso é que eu pensei na Serra e uma cabaninha lá e tal, dava para inspirar e já me podias ajudar, como «dantes».”

- “Pois, tou a perceber. Epah, a ideia até é boa mas como é que nós nos vamos desmarcar do trabalho? Tipo...” pedro é interrompido por Luciano

- “Pah o Titus vai meter baixa médica, que ele também diz que tá farto e precisa de férias pa descansar, tu trabalhas por conta própria por isso não deve haver muito problema não é?”

- “Tirando o trabalho que tenho de fazer... não”

- “Pah eu também so tava a pensar pra daqui a 2 semanas. Por isso inda tens tempo pa meter essa merda em ordem.”

- “Ya... talvez... se calhar assim até pode ser que dê... Mas olha que o teu «timing» não o melhor pá...”-pedro

- “Vê lá isso, dps não me digas “ah e tal falta-me um sapato e n posso ir...” as desculpas do costume do Sr. Nascimento”-Luciano

- “...aaaah boi do caralho... Nascimento, o quê? Sempre a mm cena, só houve uma vez que eu não pude ir e fui logo crucificado pa sempre com essa merda!” pedro

- “Ehe. É a «bida» meu amigo. Pá, pronto, era isso, vê lá se consegues meter ordem nisso e amanhã ou dps liga-me a confirmar, «ké» pra reservar a cabana com tempo. Tá-se?

- “Tá-se, mas olha lá artista do caralho... quem é que vai? A tua chavala e...” pedro – interrompido

- “Não, não... só vamos nós mesmo, eu tu e o Titus, «old school».”

- “Old school, old school, vai ser granda merda ta-se mesmo a ver...” pedro diz num tom de sarcasmo.

- “Vai nada pá, vais ver, vai ser porreiro, «à confiança»!” diz Luciano.

- “Ta-se bem seu sapo, então dps eu digo-te qualquer coisa ok?”

- “Ok, não te esqueças! Abraço aí!”


- “Tá pronto, tchau, abraço...!

sexta-feira, julho 20

A Tempestade Cap. II

Capítulo II - Início

Numa noite completamente negra, sob a escuridão da Lua Nova e de uma tempestade de neve impetuosa, vemos um Jipe a conduzir à deriva, perdido entre o branco da neve e o céu obscuro. Os pneus do Jipe com correntes para neve emitem sons estranhos enquanto o carro tenta agarrar-se à estrada sinuosa e deslizante. O Jipe desliza um pouco e ao passar por cima de um objecto pontiagudo um dos pneus dianteiros fura, o Jipe perde tracção momentâneamente e começa a virar quase descontrolado da esquera para a direita, falhando por pouco uma árvore que se encontrava fora da estrada, até finalmente se recompor passado o susto. O Jipe encosta-se lentamente à berma até parar numa pequena valeta, utilizada para escoar a água.

quinta-feira, julho 19

A Tempestade Cap. I

Capítulo I - Prelúdio

Dizem que a Serra da Estrela é um local misterioso, um local de sossego e meditação… um dos poucos locais remotos do país onde podemos experienciar a natureza no seu estado selvagem e talvez encontrar alguma paz de espírito. Situado no interior de Portugal, maioritariamente no Distrito da Guarda, atingindo uma altitude q ronda os 1500 km ,os invernos são rigorosos e, por vezes, o grande e esplendoroso manto de vegetação verde é coberto por uma camada branca de precipitação congelada… neve.

Em meados de Janeiro do ano 2007, uma vaga de frio vinda da Sibéria deslocou-se por toda a Europa, congelando tudo na sua incursão pela Ásia e Europa, passando pela Rússia, Alemanha, França, Espanha e finalmente Portugal Continental. Na capital de Portugal, Lisboa, voltou a nevar. Estávamos perante um fenómeno que não acontecia desde os anos 50, período em que nevou pela última vez na capital de Portugal. O país cobrira-se de um manto branco de norte a sul, exceptuando-se os distritos do Douro Litoral que foram poupados pela neve…

quarta-feira, julho 18

Auto-retrato



Digam lá que eu não desenho bem ;)?! Aqui está um trabalho feito para Artes Globais - Pintura. Pintado com acrílico sobre tela, a partir de uma foto de António Morais.

terça-feira, julho 17

Sims UrbZ




















Aqui está um trabalho que fiz para Artes Gráficas com o programa Freehand no 1º ano da faculdade. Supostamente tinha que criar uma personagem para o jogo do Sims UrbZ... Ora esta personagem que vêm aqui, sou eu!

segunda-feira, julho 16

Dia de Trabalho

Um trabalho fotográfico que fiz para direcção artística. Fotos tiradas por: António Morais. Obrigado Toni!

domingo, julho 15

A case of Lycanthropy

A 49-year-old married woman presented on an urgent basis for psychiatric evalution because of delusions of being a wolf and "feeling like an animal with claws." She suffered from extreme apprehension and felt that she was no longer in control of her own fate: she said, "A voice was coming out of me." Throughout her 20-year marriage she experienced compulsive urges towards bestiality, lesbianism, and adultery.

The patient chronically ruminated and dreamed about wolves. One week before her admission, she acted on these ruminations for the first time. At a family gathering, she disrobed, assumed the female sexual posture of a wolf, and offered herself to her mother. This episode lasted for approximately 20 minutes. The following night, after coitus with her husband, the patient suffered a 2-hour episode, during which time she growled, scratched, and gnawed at the bed. She stated that the devil came into her body and she became an animal. Simultaneously, she experienced auditory hallucinations. There was no drug involvement or alcoholic intoxication.

Hospital course. The patient was treated in a structured inpatient program. She was seen daily for individual psychotherapy and was placed on neuroleptic medication. During the first 3 weeks, she suffered relapses when she said such things as "I am a wolf of the night; I am a wolf woman of the day...I have claws, teeth, fangs, hair... and anguish is my prey at night...the gnashing and snarling of teeth...powerless is my cause, I am what I am and will always roam the earth long after death...I will continue to search for perfection and salvation.

She would peer into a mirror and look frightened because her eyes looked different: "One is frightened and the other is like the wolf--it was dark, deep, and full of evil, and full of revenge of the other eye. This creature of the dark wanted to kill." During these periods, she felt sexually aroused and tormented. She experienced strong homosexual urges, almost irresistable zoophilic drives, and masturbatory compulsions--culminating in the delusion of a wolflike metamorphosis. She would gaze into the mirror and see "the head of a wolf in place of a face on my own body--just a long-nosed wolf with teeth, groaning, snarling, growling...with fangs and claws, calling out "I am the devil." Others around her noticed the unintelligible, animal-like noises she made.

By the fourth week she had stabilized considerably, reporting, "I went and looked into a mirror and the wolf eye was gone." There was only other short-lived relapse, which responded to reassurance by experienced personnel. With the termination of that episode, which occurred on the night of a full moon, she wrote what she experienced: "I don't intend to give up my search for (what) I lack...in my present marriage...my search for such a hairy creature. I will haunt the graveyards...for a tall, dark man that I intend to find." She was discharged during the ninth week of hospitalization on neuroleptic medication.

Psychological data. On the Wechsler Adult Intelligence Scale, the patients performance showed normal intellect; the subscale configuration was devoid of behavioral correlates associated with organicity, as was the Bender Motor Gestalt Test. On the Holtzman Ink Blot Technique, the performance was indicative of an acutely psychotic schizophrenic with distorted body image and gross sexual preoccupation. The Lovinger Sentence Completion Blank was corroborative. The Minnesota Multiphasic Personality Inventory was interpreted as showing an acute schizophrenic reaction with evidence of obsessional thinking, marked feelings of inferiority, and excessive needs for attention and affection.

Harvey Rostenstock, M.D. and Kenneth R. Vincent, Ed.D.
The American Journal of Psychiatry Vol. 134, No. 10. October 1977

Lycanthropy - Licantropia

Lycanthropy comes from the Greek word lukos meaning wolf and the Greek word anthropos meaning man and translates into wolfman. So lycanthropy is the transformation of a human into a wolf. Usually it is a man but occasionally it can be a woman or a child. There are two kinds of lycanthropy one exhibited as a mania in which the person believes himself to be a wolf and roams the country side to feed his craving for blood by killing and eating its victims. The second type is accomplished through the use of ointments or charms, which have the magical power to turn a human into a werewolf. The term werewolf comes from the old English word wer or man plus wolf, which becomes manwolf. There are many theories as to how a person becomes a werewolf. One is that the person controls the animal with his mind and makes the animal do what he commands. Another is that a person can deliberately transforms himself into the animal, as a sorcerer would do so as to do evil or kill his enemies. Not only can sorcerers change into wolfs but other animals as well, but also prefer the wolf the best as it is the most feared of any animal. Throughout the world there has been many a belief in lycanthropy, the Navajo Indians believed that witches could turn themselves into the animals by just wearing the skin of the animal on their back. In medieval times the European countries were in fear of werewolves and they thought that these werewolves were servants of the devil. Throughout centuries there have been many stories of werewolf and cannibalism in the courts. Many men were convicted of killing and eating their victims. Even in modern day there have been cases of men believing that they are werewolves. These modern day werewolves are thought to be possessed by the spirit of a wolf rather than being bitten by a werewolf as portrayed in Hollywood movies.

sábado, julho 14

Reminiscentia

Há certas horas em que devia ser proibido conduzir. O relógio parece concordar comigo, realmente às 3:59 da madrugada é um abuso das nossas capacidades enquanto seres geralmente diurnos. Mal vejo o raio da estrada! Não sei quem é que decidiu que o maior pedaço de todas as estradas deveria ter uma cor escura e que as linhas é que deviam ser brancas. Seja quem for, não parece ter pensado na condução nocturna... Deveria ser exactamente o oposto! As linhas teriam a cor do alcatrão e a estrada em si a cor das linhas, para não adormecermos com tanta escuridão.

São agora 4 horas. Cada vez vejo pior a estrada, este espesso nevoeiro parece ter surgido do nada. Confesso que estou perdido. Não vejo carros, luzes de carros, postes de iluminação, nada! A minha visão está reduzida ao habitáculo do carro e três palmos quadrados da posição onde me encontro. Relâmpagos súbitos e pontuais iluminam o interior do meu carro por breves milisegundos, assim como cinco palmos de estrada. Num desses milisegundos, os meus olhos tropeçaram sobre a minha pasta, que silenciosamente jazia no lugar do passageiro do meu carro. Consegui vislumbrar uma etiqueta branca presa à pasta. Letras que procurava decifrar, durante os relâmpagos, preenchiam-na: Xavier...Alves, Inspector... da... Polícia Judiciária.

Acordo sobressaltado por um barulho agudo subitamente. Procuro apagá-lo de imediato, como quem desliga um alarme que nos acorda de manhã para mais um dia de trabalho. Mas a minha visão táctil não parece ser a melhor, porque já toquei em todo o tipo de botões menos o do maldito despertador. De repente, sinto com as pontas dos dedos, algo semelhante a uma alavanca, justo do meu lado direito. Sinto também uma textura de borracha à minha frente, com um formato circular ou oval. Pressiono o objecto oval que imediatamente emite um barulho sobressaltante. Arregalei os meus olhos subitamente com o barulho. Algo está errado. A minha visão está distoricida, enevoada, mas continua a melhorar lentamente, apenas para me deparar com um cenário aterrador. Ainda estou dentro do carro! O barulho ensurdecedor continua e agora percebo o que é. As luzes do carro continuam acesas e uma das portas do carro está aberta, é o sistema de segurança do carro, para lembrar ao condutor de desligar as luzes do carro, para o mesmo não ficar sem bateria. Não percebo, o que se passa! Porque estou eu ainda dentro do carro? O que é que aconteceu?

Quando saí fora do carro, aparcebi-me do que tinha acontecido. É provável que me tenha despistado, ou talvez adormecido ao volante e embati de lado contra uma árvore num campo, a poucos metros da estrada onde seguia. O carro está bastante danificado, a porta traseira de passageiros está caída no chão e o tejadilho também tem algumas mossas, o que poderá ser um indício de que tenha capotado antes de embater na árvore. Que desastre... Bem, ao menos o sistema eléctrico, assim como a bateria do carro parecem ter sobrevivido, as luzes continuam acesas e o pára-brisas do carro continua a limpar o nevoeiro que persiste.

Não deve ter passado muito tempo desde o despiste, ainda é noite e recordo-me vagamente de ver 4 horas no relógio do carro antes de ter apagado por completo. Tenho de confirmar isso. Assim que dou um passo em direcção ao carro novamente, sinto de súbito, um fraquejo nas pernas, como quem perde as forças. Acabo por ficar tonto, os meus joelhos cedem e obrigam-me a sentar no chão. Ao mesmo tempo uma sinto uma fisgada dolorosa na parte de trás da minha cabeça. Passo a mão pela minha careca e sinto um corte profundo no osso occipital do meu crânio. Uma textura líquida preenche as minhas mãos enquanto identifico a gravidade da ferida. Penso ter perdido algum sangue, daí a fraqueza, tenho que pelo menos tentar estancar o sangue, com um penso rápido e improvisado do kit de primeiros-socorros que tenho no porta-luvas do carro.

Ao esgueirar-me para dentro do carro, para buscar o kit fixo os meus olhos no relógio do carro: 4:00 horas indicava. Os dois pontos entre as horas e os minutos pareciam ter parado, justamente no momento em que desmaiei ou adormeci, no momento do acidente. Enquanto preparava o penso para colocar na ferida, algo aconteceu na minha mente. Senti como se algo tivesse explodido na minha cabeça, vi um flash luminoso que rapidamente se apagou. Algo como uma lâmpada a fundir. Olho para o espelho do retrovisor e não me reconheço... Sei que me chamo Xavier Alves e que sou um Inspector da Polícia Judiciária, mas não em lembro de o ter sido, não me lembro do me chamar assim, não me lembro de ter vida, não me lembro de nada! Tudo o que me resta são sentimentos, já que as minhas memórias me foram roubadas... a minha cabeça é um enorme vazio. E agora? Que faço eu agora? Como é que uma pessoa que não sabe nada sobre nada do seu passado, sabe o que vai fazer agora? Tudo o que sei é que não me lembro de nada das 3:59 horas para trás, que me chamo Xavier e que sou um Inspector da P.J. Para onde vou agora? Onde estou? O que é que eu faço? Estou a desesperar, sou um vazio reduzido a nada. Isto é como um pesadelo do qual não consigo acordar... estarei morto? Não posso estar morto... eu sinto dor, estou a sangrar da ferida na cabeça e sinto-me fraco... Sobrevivi a um acidente que me deixou amnésico. Será isso? E agora? Permaneço aqui até chega alguém que me possa ajudar? Olhando através da janela do meu carro, não consigo ver ou ouvir ninguém. Tudo o que consigo ver é um gigantesco manto de um cinzento nevoeiro que me cerca.

Esperei durante o que pareceram horas dentro do carro, encolhido e abraçado a mim mesmo para me proteger do frio que se fazia sentir. De repente, ocorreu-me que... já que era um Inspector da P.J., deveria conseguir decifrar esta “cena do crime” e encontrar o meu caminho. Embora, teoricamente isto pareça impossível, já que eu não me lembro de ter sido algum dia ter sido um Inspector... É quase um paradoxo. Estou perante o que parece ser um crime sem solução. Curioso é que eu sou o inspector encargado, assim como a vítima e, conseguintemente tenho que avaliar a minha situação, o que pode ser algo muito falível... já que, geralmente, uma pessoa nunca é o melhor juíz de si próprio.

A noite prossegue no local onde me encontro. Olhando através do pára-brisas e além dos ramos da árvore onde embati, consigo finalmente ver a lua, embora ainda ligeiramente escondida pela neblina. Corvos voam à volta do carro de tempos em tempos, como se estivessem à espera de algo. Malditos abutres... bem podem voar aqui à vontade toda a noite. Ainda não vai ser desta que morro, não esta noite. Tenho que sobreviver esta noite, para que assim que nascer o sol poder iniciar a minha busca, de mim próprio. Estes corvos vão ter que esperar um pouco mais até à sua próxima refeição.

Acordo de modo progressivo com uma dor de cabeça aguda. Abro os olhos. Noto que a noite já era, mas que o tempo cinzento se mantém devido à neblina espessa. Sinto-me melhor, recuperado penso eu. Embora tenha dormido numa posição semi-fetal que me afectou o pescoço. Sinto-me confiante agora, o pior já passou. Está na altura de iniciar a minha búsqueda, de mim próprio. Hmmm... O que é que eu faria, se me tivesse despistado, desmaiado durante o acidente, acordado amnésico, sem saber de onde vim, nem para onde ia e sem saber quem sou? Vista a questão desta maneira, resta-me o suicídio, mas tenho que manter a comportura e pensar...

Lembrei-me de algo muito óbvio. Virei a chave da ignição, apenas um click para a direita, olhei para o manómetro, procurando o ponteiro da gasolina... três quartos de gasolina! Mesmo assim o carro não pega. No entanto, encontrei a minha primeira pista. Ora, das duas uma, com esta sucata que deve gastar pelo menos dez a quinze litros aos cem, ou devo estar perto de algum lugar que me é familiar, como o local de trabalho ou a casa, ou então estou perto de alguma bomba de gasolina, ou os três juntos. Com estas premissas um tanto quanto falíveis mas plausíveis, em mente, sou levado à próxima questão lógica: Será que vinha na faixa da direita em direcção a, não sei onde, ou da esquerda na direcção contrária? Pelas setas no chão, percebe-se que esta estrada tem dois sentidos de marcha. Portanto, de que lado vim? Para onde ia? Eis a questão. Olhando para o chão, composto de relva daninha e folhas molhadas pelo orvalho matinal, tudo indica que capotei o carro, de facto. Há partes da relva que estão virgens, intocadas. O carro deve ter dado várias voltas sobre si mesmo no ar, até ser travado pela árvore. Bem, para além de descubrir a espectacularidade do acidente, isto não me ajuda muito, mas as marcas dos pneus no alcatrão não me deixam dúvidas. Vinha na faixa da direita, para quem olha de frente para a estrada, com o carro despistado atrás. E é nessa direcção que vou!

No entanto, falta-me retirar tudo o que possa ser útil ou importante do carro antes de partir. A minha pasta, que tem um sistema de segurança com código que eu desconheço, ou melhor, não me lembro, o que me indica que algo de importante pode estar dentro dela e, claro, o meu casaco de couro forrado para não morrer de frio, na minha caminhada pela estrada da memória. Deito um último olhar para o carro. Olho para o horizonte que me espera. E começo a caminhar em direcção ao meu destino.

O caminho é longo e árduo, muito pior do que imaginava. Cada vez se torna mais difícil aspirar o gás invisível que preenche o espaço vazio à minha volta, e cada vez mais preciso dele. Sinto-me cansado de tanto andar. Consigo literalmente ver o vapor que sai dos meus poros transpirantes. A sede começa a apertar, mesmo com tanta humidade no ar. Maldita ironia. Vou morrer de sede depois de sofrer isto tudo? Nem pensar! Tenho que encontrar algo rápido, tenho que encontrar, tenho que encontrar.

Começo a sentir-me desorientado e cansado. Estou desidratado. Já nem consigo andar, apenas rastejar. Vou morrer...
Não! Vejo algo no horizonte! Um oasis! Consigo avistar uma bomba de gasolina, estou salvo! Uma lufada de ar fresco volta a ligar os meus motores, levanto-me do chão e corro em direcção à minha salvação.

Depois do que pareceu mais uma meia maratona, cheguei finalmente à bomba. Agora o meu instinto de sobrevivência fala mais alto do que toda a razão, tenho que hidratar-me, mas não tenho dinheiro para comprar àgua e esta bomba de gasolina não parece ter casas-de-banho. Atiro-me para o chão e começo a sugar o tubo de borracha, que fornece àgua para limpar os carros, como uma criança com um biberão. Senti, a cada golafda que dava, as minhas forças a voltarem, a preencher o meu organismo ressequido. Paro de beber. Fico deitado a ouvir apenas o barulho da água que continuava a verter. Era música para os meus ouvidos.

Sem poder apreciar o momento, algo quebra a minha concentração, de repente, enquanto olho para o céu, estendido no chão. Olho para a direita e vejo um homem de fato e gravata negros a correr como um louco na minha direcção. Ordeno o meu corpo a levantar-se, mas ele não responde tempo. O homem dá-me um pontapé violento no peito. Vomito metade da água que bebi e sinto simultaneamente uma costela a partir dentro de mim. A dor era profunda e aguda. Consigo finalmente levantar-me e meto um braço à frente do peito, de modo a proteger-me e, o outro braço, esticado de modo a afastar o homem.

- “Pára!! Pára, pelo amor de Deus!!”
- “Páro o quê meu cabrão?! Vou-te matar aqui e agora pá!!”
- “Mas o que é que eu te fiz?! Estás louco caralho?!”
- “Louco? Louco?! Eu vou-te mostrar o louco seu filho da...” Ele descreve o movimento de quem vai tirar algo de dentro do casaco.

Percebo que poderia ser uma arma e atiro-me a ele num último esforço de vida ou morte. Consigo tombá-lo, caindo por cima dele. Ele procura a sua arma no interior do casaco e eu tento tirar-lhe o braço do caminho. Ele não consegue alcançar a arma e num momento de sorte consigo tirar-lha eu. Disparo com a arma apontada no queixo dele em direcção ao cérebro. Ele sucumbe de forma imediata, soltando um semi-grito abafado pelo barulho do disparo. O seu sangue, preenche as minhas mãos e o chão que me rodeia. É curioso como o matei sem hesitar... Não sinto remorsos... Foi legítima defesa, disso não tenho dúvidas! Mas o que é que ele queria?! Porque me atacou sem razão?! Ele agiu quase como se me conhecesse, como se lhe tivesse feito algo terrível. Devia ter agido mais como um inspector da judiciária, devia ter-lhe sacado informações. Agora já é tarde. Ou talvez não... Vasculho o seu casaco, procurando cada bolso, por uma carteira, uma identificação, uma morada, qualquer tipo de informação! Encontrei!! Um cartão... Júlio Raposo... Inspector da Polícia Judiciária... Estou sem palavras... acabo de matar um agente da polícia. Viro o cartão ao contrário à procura de uma morada. Está coberta com sangue. Tento limpá-la com saliva. Rua... Marco...Júnio... Brutus... nº42, Braga... o meu próximo destino.

Corro para dentro da loja da bomba de gasolina, com a arma na mão e pasta na outra. Entre de rompante dentro da loja. Apenas tem o empregado de balcão, que já tem os braços no ar.

“Eu... Eu... Eu já chamei a polícia.”
Aponto-lhe a arma à cabeça e digo:
“Agora vais chamar um táxi, PERCEBESTE?!”
Ele pega no telefone e marca os números à velocidade da luz.

O táxi chega poucos minutos depois. Mesmo a tempo de eu escapar. Mas para quê escapar? Eu agi em legítima defesa... Algo me impele para fugir, mas a consciência pede-me para ficar. Resolvi seguir o instinto em detrimento da razão. Pego no táxi. “Vamos para Braga!” digo.

Chegado a Braga, olho através da janela a cidade, que desconhecia, ou que não me lembrava dela, mas que me transmite um sentimento familiar. Um sentimento, como um déjà vu, como algo que já vi antes... difícil de pôr em palavras. “Leve-me para a rua Marcos Júnio Brutus, nº 42.” Digo eu ao observar a cidade. “Ah! Você quer ir para a sede da P.J.” diz o taxista com requintes de sabedoria. “Ah? Sede da P.J. ...” sussurro. “Sim, leve-me lá, rápido.” O taxista mete o pé no acelerador, como se fosse um corredor de Rally e chega ao dito destino por quelhos e ruas estreitas num tempo récorde. Eu abro a porta do táxi. “Ei! Amigo! E o pagamento?!”. “Espere aqui, que eu já lhe trago o dinheiro.”. “Veja lá se se despacha, que eu tenho outros clientes à espera!” Fecho a porta do carro.

Olho para o edifício imponente à minha frente. A placa dourada colocada no centro da porta não deixa dúvidas: Sede da Polícia Judiciária. Diz em letras capitais. Entro dentro do edifício sem saber bem o que esperar, ao fim ao cabo não fiz nada de mal, apenas procuro saber o que me aconteceu e o por que razão o homem me tentou matar.

Olho à minha volta e vejo poucos polícias a trabalhar, é como se a sede estivesse a meio-gás hoje. No balcão principal apenas se encontra um agente e à sua volta a trabalhar em computadores e impressoras apenas vejo mais dois ou três gatos pingados da judiciária. Todos estão com um ar muito sério e o silêncio que se fazia sentir era digno de um funeral. Até que o agente no balcão berra algo que corta o silêncio: “Pessoal, pessoal, as notícias!” Ele pega no comando e aumenta o volume da televisão, para a qual todos estavam a olhar, incluindo eu.

“...Interrompemos a emissão para dar início a uma notícia de última hora. Um inspector da polícia judiciária, já identificado como Júlio Raposo, foi morto a tiro numa bomba de gasolina a poucos kilómetros de Braga. Segundo os relatos de uma testemunha que assistiu a tudo, o inspector envolveu-se numa briga com outro homem, não identificado, acabando por ser executado indefeso e a sangue-frio, com um tiro na cabeça...”

“...A testemunha já procedeu à identificação via retrato-robô, visto que as câmaras da bomba de gasolina não estavam operacionais. Aqui está a foto, procura-se um homem entre os 30-40 anos de idade, completamente careca, com um golpe profundo na cabeça, de aspecto possante, com aproximadamente 1 metro e 80 centímetros de altura, vestido com um casaco de couro e com uma pasta também de couro. Atenção, o homem está armado e é considerado perigoso, a PSP pensa tratar-se do mesmo assassíno em série de polícias foragido que matou todos os chefes da sede polícia judiciária ontem mesmo, roubando também os cofres da P.J. assim como provas cruciais de investigações a associações criminosas. A PSP afirma também que o assassino, poderá ter ligações a essas mesmas associações criminosas a trabalhar em Portugal, além disso pensam que o foragido fez-se passar por inspector da polícia durante muito tempo, para se poder aproximar dos seus alvos a abater. Portanto, relembramos que se vir alguém com esta descrição, seja discreto e contacte de imediato a polícia judiciária ou a PSP através deste número que pode ver no rodapé...”

O agente desliga a televisão. Olha directamente para mim. Os outros agentes fitam-me como estátuas imóveis. Entro em pânico, quando a minha memória começa a voltar numa torrente, como se uma barragem tivesse cedido e agora litros e litros de memórias penetrassem o meu cérebro que rapidamente se inunda... eu lembro-me agora. Já sei quem sou. Já sei o que fiz... Hmm... Por isso o golpe na cabeça, agora lembro-me. Não foi do acidente de carro, enquanto fugia para um local escondido, foi o maldito do chefe da polícia que ainda me acertou com uma soqueira quando pensava que já estava morto. Pobre inútil, acabou por morrer como um verme a meus pés, sufocado no próprio sangue. Talvez tenha sido por isso que perdi a consciência e capotei o carro contra uma árvore. Talvez por isso a minha memória tenha sido afectada. É curioso como quando acordei me comportei como se fosse uma pessoa normal, uma pessoa... de “bem”, se é que se pode dizer. Muito enganado estava, pelos vistos. Tenho que fugir daqui já!

Viro as costas e começo a correr em direcção à saída da esquadra, mas em vão. Sou baleado nas costas vezes sem conta, sem aviso prévio por parte dos agentes... Quem os pode censurar? Matei os companheiros deles... e com uma certa satisfação devo acrescentar. Agora morro como já esperava morrer algum dia, pela mão das pessoas que fui treinado para matar.

Mas fica no ar um gosto agri-doce de uma morte quase irónica, de uma pessoa de índole boa, mas com uma reminiscência sombria que alterou tudo. Pelos vistos, Sartre tinha razão, quando dizia que cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu: “a existência precede e governa a essência". Afinal de contas, somos mesmo uma folha branca, à espera de ser escrita. E tudo o que deviamos ser quando nascemos, é alterado pelo que escrevemos nessa mesma folha até ao dia em que morremos.

Às vezes, mais vale esquecer, do que uma reminiscência...


p.s.: Written by Luciano Neves for Creative Writing
Copyright protected - Universidade Católica Portuguesa

Um Manual de Escrita?

I – A Arte da Escrita

Cada um tem o seu método, obviamente. No entanto, qualquer escritor lhe dirá que há coisas essenciais para se poder escrever e, neste caso, escrever bem – pois, na verdade, é isso que buscamos e pretendemos alcançar, nós os escritores evidentemente. Claro que, nem todos conseguiremos atingir o nível soberbo de um Ernest Hemingway ou de um Luís de Camões, e provavelmente nunca atingiremos, pois há escritores que são realmente únicos e mestres na sua própria visão da arte da escrita.

II – Caixa de Ferramentas

É relativamente difícil escrever um manual de escrita para todos os escritores, pois em parte penso que cada um tem que encontrar o seu caminho, o seu método, o seu estilo de escrita. Mas isso não chega infelizmente. Stephen King fala de uma certa caixa de ferramentas que contém todo o nosso conhecimento de escrita: o vocabulário, a gramática e os elementos de estilo. Ora bem, Stephen King, o mestre do terror e do suspense, toma uma posição bastante radical quanto à escrita – para ele – se uma pessoa abrir essa caixa de ferramentas e não encontrar ferramenta certa para o objecto que pretende construir, nunca será um grande construtor. Por outras palavras, para King as três ferramentas base de escrita são o vocabulário, a gramática e os elementos de estilo, logo se um desses faltar, o escritor nunca será bom, ou mesmo competente, será um escritor mau e, adicionalmente, será um escritor mau sempre!
Ora, eu não me chamo Stephen King, nem sou um escritor, nem tenho os mesmo conhecimentos que o Sr. King, mas não deixo de temer que ele tenha razão no que diz... porém, sou optimista e não partilho da mesma opinião no que diz respeito ao escritor que será mau para sempre, caso não tenha uma das ferramentas essenciais. Felizmente o ser humano, tem um cérebro que lhe permite apreender conhecimentos novos, que lhe permite aperfeiçoar-se e racionalizar. Mas posso estar enganado, a minha experiência e contacto com a escrita são rídiculas comparadas com a de um professor catedrático e um escritor conceituado, mas permito-me a audácia de discordar mesmo assim.

III – Escrever ou ler?

O facto é que para se escrever bem, tem que se estudar muito, aprender muito, trabalhar muito, escrever muito e ler muito. Ser uma sanguesuga do conhecimento e da prática, absorvendo tudo de bom e de mau, para se poder e saber quando comparar, melhorar ou descartar. Pessoalmente, perdi bastante o interesse na leitura, perdi também tempo para a leitura, talvez precisasse de “comprar tempo para ler” tal como na curta-metragem, mas isso não é possível, portanto eu tento compensar esta falta com a escrita, que me dá muito mais prazer. A criação de histórias é fenomenal, porque escrevemos sempre algo que gostamos, algo que não vemos nos outros livros que lemos, algo de novo e, no meu caso, sinto-me sempre como o leitor e o escritor quando escrevo uma história, pois adoro histórias de terror, suspense, mistério, fantásticas! Adoro não saber o que vai acontecer na próxima linha ou no parágrafo seguinte, cada personagem que crio é uma parte de mim que age de forma independente e isto torna as coisas muito interessantes para quem lê ou pelo menos para mim.
Porém, há quem diga que não se deve começar a escrever sem se saber onde a história vai parar. Ora, eu reconheço que este é o método mais seguro e que deve ser o caminho a seguir ou pelo menos o caminho que a maioria dos escritores segue. Só que para mim, começar uma história já sabendo o fim ou tendo um objectivo mais ou menos claro, tira-me o prazer da escrita, pois deixo de ser o primeiro leitor da história, passo a saber o que vai acontecer a seguir e isso tira-me o prazer todo.
O que quero dizer com isto é que devemos escrever sempre algo que nos dá prazer, mesmo que esse prazer nos dê muito trabalho, a recompensa é sempre maior que o trabalho.

IV – O Ambiente

Há quem pense que o ambiente tem pouca influência na escrita ou nos escritores, ora essas pessoas estão redondamente enganadas. Um bom ambiente influência em grande parte o fluir das ideias e, por vezes, é o ambiente que nos prende e mantém a escrever, pois ajuda-nos a visualizar tudo o que escrevemos, a entrar no mundo que estamos a criar. Obviamente, cada pessoa tem o seu método de concentração e escreve melhor num tipo de ambientes do que noutros. Há quem goste de ter barulho à sua volta, há quem goste de ter a música aos berros, há quem goste de muita ou pouca luz, portanto, neste caso, cada um tem que encontrar o método que mais lhe satisfaz. Para King, um quarto com a porta fechada num ambiente calmo e a ouvir Hard Rock funciona às mil maravilhas. Para mim, um quarto com um ambiente calmo e músicas que tenham ou provoquem a mesma carga emocional que a história pretende transmitir, concentram-me passado cinco ou dez minutos e, a partir daí, já saí do quarto e já estou noutro lugar, já estou na “Twilight Zone” como se costuma dizer. Bem, nesse momento as palavras fluem mais devagar que o pensamento e as teclas que primo ou as palavras que escrevo parecem ter voz própria. É quase como se estivesse sob o efeito de drogas ou álcool.

V – Descrições

Infelizmente, quando escrevo algo que não me dá muito prazer, tendo a desleixar-me e a escrever mecânicamente. As descrições, para mim são o momento mais difícil da escrita, pois é algo que muitas vezes trava a acção e que exige uma visualização mental profunda. As descrições que faço normalmente faço-as para o leitor, não para mim, pois eu estou a ver, a ouvir, a sentir, a saborear e a cheirar exactamente o que quero na minha cabeça. Mas se o leitor não conseguir sentir o que eu sinto, receio que perderá o interesse. Então procuro agradar o leitor nos momentos descritivos, desde que as descrições sejam relevantes obviamente, pois descrições ínfimas de detalhes que pouco ou nada têm a ver com a história são inúteis e aborrecidas. Em todo o caso, é preciso ter muito cuidado com a escolha de palavras. As repetições, o uso excessivo de advérbios e adjectivos, as palavras complicadas etc., são problemas que podem surgir com muita facilidade em textos muito descritivos e quando isso acontece... bem você já sabe, seleccione tudo, carregue onde diz “Delete” e... tente de novo. Procure fazer descrições activas, isto é, não pare tudo de repente e comece a descrever como um louco cada detalhe do ambiente, em vez disso tente avançar na história descrevendo o que se está a passar ou então faça como Hemingway que pouco descreve, deixando o resto para o leitor preencher, mas cuidado...

VI – A Voz Passiva

Stephen King escreveu algo muito interessante sobre o uso da voz passiva. De facto, a voz passiva parece quase sempre artificial e muito aborrecida de se ler, pois complica toda a frase e frase perde conseguintemente toda a intensidade. E ainda, segundo King, o uso da voz passiva muitas vezes surge por medo de não estar a escrever bem ou indecisão, medo de dizer “Eu matei o João” em vez de “O João foi morto por mim.” É preciso convicção no que se diz e, recorrer constantemente à voz passiva, pode ser a morte do artista e eu concordo plenamente com Stephen King.

VII – Conclusão

Conclusivamente, penso que como escritor aprendiz, nunca me senti tão elucidado, em relação à escrita, como quando li este manual de escrita fabuloso de Stephen King. Nunca tinha lido algo do género e considero que é algo que deve ser lido por qualquer escritor ou qualquer pessoa que tenha interesse em escrever e, neste caso, escrever bem. Parabéns Sr. King.


p.s.: Written by Luciano Neves for Creative Writing
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