Goodgame Empire

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Browser Game of the year 2013

sábado, julho 28

A Tempestade Cap. IX

Capítulo IX - A Visita

(Poucos dias antes da viagem.)


Um dia cinzento, ao fim da tarde, sob uma chuva torrencial vê-se um carro a aproximar-se do Hospital (Psiquiátrico) de Magalhães Lemos. As paredes pálidas exteriores do edifício denunciam o seu conteúdo macabro... O carro encosta numa rua onde não há um único carro estacionado, se não o que acabou de chegar.


Vê-se agora os sapatos negros de alguém a subir uma escadaria. Reconhece-se agora quem está a subir as escadas que vão dar à porta principal do manicómio. Pedro Nascimento, com as suas vestes negras e o sobretudo que tão bem o caracterizam. Ele pára mesmo à frente da porta. Ele parece preocupado... está parado em frente à porta. Ele olha para um anjo de mármore que está por cima da porta. O anjo olha para o céu com as palmas das mãos viradas para cima, como se pedissem misericórdia. Pedro solta um suspiro resoluto e entra pela porta principal.
O segurança detém-no antes de entrar definitivamente no manicómio. Apenas umas grades e o segurança o separam da loucura total.

“Dr. Nascimento...” – diz o segurança

“Então Sr. Jorge, tudo preparado pra hoje?”

“Claro Sr.Dr., eu vou chamar o meu colega para o acompanhar...”

“Eu sei, eu sei Sr.Jorge, excusa de me explicar o regulamento de segurança, já o conheço de cor...”

“Eu sei, mas tenho que lho ler mesmo assim...regras são regras.”

“Vamos lá a isso então...”

“O meu colega vai acompanhá-lo todo o caminho até a cela onde o seu pai está. Pelo caminho irá passar por alguns dos pacientes do hospital, o senhor não pode e passo a citar:
1º Interagir com os pacientes
2º Falar com os pacientes
3º Olhar nos olhos dos pacientes
4º Provocar ou causar qualquer situação que possa causar nervosismo nos pacientes.

Andando pelos corredores. Nascimento e o Enfermeiro.

“Já não é a primeira vez que vem aqui pois não? Eu já o vi por aqui...” pergunta o Enfermeiro

“Não... eu venho aqui todos os meses.”

“Então você é o famoso filho do paciente Nascimento...”

“Famoso?”

“Sim...err... a verdade é que o seu pai é algo problemático por vezes.”

“Pois... eu sei.”

“Ele a mim pessoalmente nunca me fez nada, mas muitos dos outros enfermeiros que aqui andavam antes despediram-se graças ao seu pai sabe? Agora só eu é que trato do seu pai...”

“Ele deve simpatizar consigo...”

“...É deve ser isso. Não se preocupe que eu trato bem dele. Bem... aqui estamos.”
Ele abre a porta da cela.

“Não se preocupe que assim que o Sr. Dr. sair daqui eu retiro o colete de forças ao Sr. Henrique. É que o seu pai estava muito agitado e “insistiu” em falar com você, por isso é que lhe ligámos...”

“Ok tudo bem...”

“Eu vou ficar atrás da porta, qualquer coisa bata na porta ou chame por mim, o Luís ok?”
Pedro acena com a cabeça.

Uma cela almofadada. Algumas das almofadas têm um tom mais amarelado ou alaranjado, vestígios de sangue que foram mal limpos. Sr. Henrique encontra-se algo drogado, talvez sobre o efeito de calmantes leves administrados intra-venosamente... O braço do Sr. Henrique denuncia esse facto, multiplos pontos vermelhos e castanhos situados perto das veias do paciente indiciam a regularidade com que isto acontece. O paciente está vestido com um uniforme azul e uns “slippers” negros, diferente dos outros pacientes que são vestidos de branco. Isto evidencia que o Sr.Henrique é um paciente “especial”. Ele encontra-se num canto e limita-se a fitar (dentro do possível...) o seu filho.

“Ouvi dizer que causaste uma situação embaraçosa aqui... outra vez não é pai? Os enfermeiros disseram-me que provocaste muitos distúrbios e que chamaste por mim... O que é que queres de mim?!”

“Tira-me daqui Pedro...”

“Outra vez?! Não comeces com essa conversa!!”

“Eu..”

“Foi pra isso que me chamaste aqui?! Todos os meses eu venho aqui pra te ver, por pena... Pena mais nada...e eu nem sei porque sinto pena de um desgraçado como tu!”

“Porque sabes a verdade..”

“Que verdade?! Tu não sabes o que dizes, tu estás louco tás a perceber?! É por isso que estás enfiado aqui no manicómio. E sabes que mais?! Tens é sorte por estar aqui, quando a verdade é que tu devias estar é enfiado numa cela juntamente com todos os outros assassinos filhos da puta tás a perceber...tás?!”

“Não fui eu... eu não sei...”

“Não foste tu o quê?! Nem te atrevas a falar na mãe seu desgraçado... O Sérgio sempre teve razão, tu não vales nada e és um louco... Eu arrependo-me de alguma vez ter acreditado em ti e ter-te tirado do hospital psiquiátrico da outra vez, se eu pudesse.... se eu pudesse tinha-te morto naquela noite!”

“Pedro... eu não me lembro do que aconteceu... nós estávamos lá e depois não sei o que aconteceu...e havia sangue por todo lado em cima de mim, tinha sangue nas..mãos e...não sei como fui parar a casa... eu juro que não fui eu...eu não sou assassino, eu não sou louco, por favor tens de me tirar daqui.”

“Vai-te foder... Como é que tu foste capaz, de levar a mãe para acampar contigo...e tinhas tudo planeado, foste lá e...torturaste-a e mataste-a e depois voltas e dizes que não te lembras de nada?! Com o sangue da mãe nas tuas mãos na tua cara e na roupa...seu maníaco assassino filho da puta!”

“NÃO FUI EUUUUU” Sr. Henrique começa a gritar.

O enfermeiro começa a destrancar a porta.

“FOSTE!!! Foste tu que a mataste, Foste tu sim!! Seu louco! Eu só rezo pelo dia em que arranjes maneira de sair daqui, eu que te apanhe lá fora,(o enfermeiro agarra no Pedro e tenta arrasta-lo com dificuldade para fora da cela) eu mato-te cabrão...eu MATO-TE!”

“Aaaarghhh” o Sr. Henrique fica transtornado e começa a bater com a cabeça nas paredes almofadadas.

“Enfermeiras!!!” grita o enfermeiro Luís depois de tirar o Pedro da cela.
Ele volta a entrar dentro da sala para agarrar o paciente e com a ajuda das enfermeiras administrar mais uma dose de calmantes no Sr.Henrique que está completamente tresloucado agora. Pedro assiste a cena do lado de fora da cela através da abertura por onde dão comida aos pacientes, enquanto se ouve os gritos arrepiantes do Sr.Henrique que acabam por esmorecer...