Goodgame Empire

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Browser Game of the year 2013

segunda-feira, julho 23

A Tempestade Cap. V

Capítulo V - “O Professor”

Vemos um cartaz de relance: «Cartaz: DIA DE PRAXE – Dura Praxis Sed Praxis»
Tiago Silva chega à sala. Espreita para dentro da sala e abana a cabeça. Festa total dentro da sala. Elementos da praxe a martirizar e ridicularizar os alunos da Faculdade de Letras do Porto. Aula de História Geral I. Tiago entra na sala em anfiteatro, com um olhar de quem não aprova a situação.

“Aiiii...” suspira Tiago

Caminha lentamente para o centro da sala, subindo o palco do professor e pousa em cima da mesa a sua pasta, de onde retira um maço de folhas que ele folheia como se tivesse a dar uma vista de olhos a um livro completamente desinteressante. Franze os olhos e acena afirmativamente ao folhear os testes com desprezo.

“Meus senhores...!” Tiago diz num tom alto e ameaçador. “Acabou a palhaçada... aos vossos lugares”

“Oh stor mas hoje é dia de praxe!” diz um aluno.

“SENHOR doutor, respeito é bom e eu gosto.”

“Senhor doutor hoje temos autorização da associação dos estudantes para praxar os caloiros em tempo de aulas!”

Tiago olha com cara de desprezo e, como se estivesse ironicamente muito atento ao que ele diz, acena afirmativamente.

“Ah hã... sim e? Que eu saiba isto é uma sala de aulas e eu sou o professor durante estas duas horas... aliás uma hora e cinquenta seis minutos graças ao seu discurso... mas isso... isso pode ser compensado ainda hoje não se preocupe... É tudo?”

momento de silêncio.

“Óptimo!”- diz em tom alto e firme. Dirige-se ao quadro e pega no giz. Começa a escrever: P – A – L – H – A.

Os alunos riem-se controladamente. Tiago olha para um artista que se tá a rir.

“Você aí... oh Miguel!”

“Sim professor?”

“Ta-se a rir de quê?”

“Nada nada... apeteceu-me rir só isso.”

“Ahh inda bem... e apetece-lhe ler?”

“Pode ser...”

“Então leia...aliás soletre as letras aqui do quadro se faz favor.”

“Err... P A L H A”

“Boa... agora leia tudo junto”

“Palha.”
“Muito bem... afinal sabe juntar letras pra formar palavras... ao contrário do que vi no seu exame, como explica isso?”

Miguel fica sem palavras.

Tiago dirige-se para o resto dos alunos.

“Meus amigos PALHA não é história! Tão a ver aquele maço de folhas pousado na minha mesa? São os vossos exames, que tão bem podiam ser um bom bocado de palha para os cavalos comerem, porque de certeza que não servem para mais nada. Portanto... “ Vira-se para o quadro e começa a escrever enquanto fala o que escreve: “H – I – S – T – Ó – R – I – A (não é igual) a PALHA. Entendido?”

“Ok. Posto isto, aqui estão os vossos testes que irei distribuir por ordem de melhor nota até à pior.”

“João... aceitável. 12”

“Joana 11.5... não invente mantenha-se nos factos”

“Susana 11.4 bem arquitectado, poucos factos...”

“Inês...9”

“9 professor?! Não pode ser... Eu fiz tudo, tá tudo aí”

Tiago olha para o teste atrás e à frente a fingir-se de surpreendido:”Tá?! Desculpe menina mas o que realmente TÁ aqui é palha pura... e eu não gosto de palha... Ora leia a primeira questão do teste se faz favor.”

“Diga objectivamente por suas palavras o que entende por absolutismo, baseando-se em factos históricos estudados nas aulas para exemplificar.” Lê a Inês

“Não percebeu?”Olha para a turma e diz: “Quando eu digo para dizerem o que é o absolutismo objectivamente por vossas palavras, é mesmo isso que quero, não que me despejem o que tá na página 62 do livro...” Olha para a Inês “Percebeu agora?”

“Roberto... 5... é preciso mesmo ler os livros de história para se saber do que devemos falar...”

“Manel meu amigo da comissão de praxe! O senhor que é tão articulado a defender os direitos da praxe mais parece disléxico a explicar algo tão simples como o absolutismo. É o seu segundo ano na minha cadeira não é?”

“É sim sr dr...”

“Então é só mais um, à terceira é de vez n é? 3 valores...”

“Miguel... Miguel... meu amigo jocoso... história não se escreve com “e” e não é “absulutismo”, pois é com “o” que se escreve... além disso copiar não o ajuda, pois você nem isso sabe fazer pelo que vejo... 0 valores, apareça nas minhas aulas para o ano que vem, porque este ano já era...”

Tiago volta para o palco central da sala.

“Muito bem... para quem tirou negativa, já sabem, vão fazer um trabalho. É muito simples, vão ter de me explicar por vossas palavras o que é o absolutismo baseando-se em factos históricos estudados nas aulas. Se plagiarem, escreverem palha ou não entregarem é problema vosso mas a reprovação é garantida. Façam se kiserem, estudem se kiserem, isto aqui é uma universidade e não há faltas de trabalhos de casa nem faltas de presença. Mas se não apresentarem trabalho e resultados não vai haver surpresas porque chumbam mesmo, é certinho. Qualquer dúvida pertinente podem tirá-la comigo, pessoalmente no meu gabinete ou pelo mail da faculdade que eu vejo todos os dias. Se quiserem enviem os vossos trabalhos por carta, por mail, por fax, em guardanapos de papel tanto me faz, desde que o conteúdo seja decente.”

Pausa.

“Pronto! Agora vamos abrir os nossos livros na página 250 e vamos ler o que ali diz sobre a famosa revolução francesa...”

Corte.

Tiago a sair da sala e a trancá-la. Com o seu sobretudo e cachecol por causa do frio.
Pega no telemóvel que toca com o hino de Portugal. Olha para o telemovel que diz: “Luci Sapo”.

“Tou Luci!”

“Ta tuuudo?!”

“Fossa?!”

“Lolol” – riem-se os dois

“ Então meu tavas nas aulas? Já te ando a tentar ligar pra ai há uma hora...”

“Pah ya tava nas aulas... estes artistas fodem-me a paciência...”

“Caga nisso! Olha...”

“Sim.”

“Tive a pensar aqui e tive uma ideia à antiga. E se fossemos passar uma semana lá pra Serra da Estrela num sítio qualquer... Tava a pensar pra daqui a duas semanitas”

“Eheh... Sapo...sapo... tu sabes que eu alinho sempre nessas cenas... Quem é que vai?”

“Pah tava a pensar só eu tu e o peter, mas inda tenho de falar com ele, vou-lhe ligar a seguir!”

“Hahah “old school” certo?!”

“Claro. É sempre melhor à antiga!”

“Ta-se bem, eu vou. Eu arranjo uma baixa médica pra uma semanita keu tb tou a precisar de descanso desta merda. É verdade eu conheço lá uma cabana na serra, quando fui lá em trabalho de campo, fiquei nessas cabanas que se podem alugar por lá. É remoto à brava e agora com a neve deve ter ficado quase inacessível, só indo a pé a partir dos 15-20km de distância. Que tal?”

“Espectáculo, é mm isso que eu queria, pra descansar e organizar ideias para o livro! Assim até vcs podem-me ajudar a arrancar com aquilo.”

“Ta-se bem, eu ligo pra marcar ainda hoje, eles devem ter lugar de certeza porque ninguém quer ficar lá com este tempo, só nós eheh!”

“Perfeito. Faz isso que eu vou ligar para o escritório do Pedro quando chegar a casa para convencê-lo a ir tb. Eu dps mando-te uma msg a confirmar. Vá tenho que desligar, tchauzão Titus.”

“Pufff... boa sorte a convencer o Pedro. Ta-se bem mané, com licença!”

“Tá tchau, tchau!”